terça-feira, 24 de julho de 2012

Morte

O sangue escorreu devagar por minhas mãos e fundiu-se com o esmalte, com a pele e com a alma. A faca jazia há poucos metros de mim, tão suja quanto se houvesse sido mergulhada em sangue - o que de fato acontecera - e a sombra sobre a parede apenas rascunhava o monstro que eu era. Meus olhos estavam alertas, elétricos e vermelhos como a injeção de loucura que me tomara o ser e o pensamento. Meu riso podia ser escutado a quadras e o sorriso era maníaco, satisfeito e cruel. Eu era uma louca mulher, armada e sem juízo, sentada na sala de estar com a arma do crime e um copo de sangue, admirando a aliança sem valor ao lado do corpo do homem que eu amara por anos, talvez eras, até decidir que bastava de ser apática. Ele merecia punição e era quem eu devia fazê-lo pagar. E eu fiz. E bebi à isso. E chamei a morte para brindar comigo.

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